Genghis Khan


Gengis Khan, Gengis Cã ou Gengis Cão; 1162 — 18 de agosto de 1227) foi um conquistador e imperador mongol, nascido com o nome de Temudjin nas proximidades do rio Onon, perto do lago Baikal.
Gengis Khan nasceu cercado de lendas xamânicas sobre a vinda de um lobo cinzento que devoraria toda a Terra. Ainda jovem matou o lobo e ficou muito famoso em sua tribo, enfrentou a rejeição de sua família por seu próprio clã, mas voltaria para conquistar sua liderança, vencer seus rivais de clãs distintos e unificar os povos mongóis sob seu comando. Estrategista brilhante, com hábeis arqueiros montados à sua disposição, venceu a grande muralha da China, conquistou aquele país e estendeu o seu império em direção ao oeste e ao sul. Gengis morreria antes de ver seu império alcançar sua extensão máxima, mas todos os líderes mongóis posteriores associariam sua própria glória às conquistas de Gengis Khan, "que foi um dos comandantes militares mais bem sucedidos da história da humanidade" . Segundo levantamento feito pela revista Mundo Estranho, ele foi o imperador que mais territórios conquistou na história, dominando quase 20 milhões de km² (o equivalente a 2,3 vezes do território brasileiro).

Juventude

Temudjin nasceu na Mongólia na década de de 1160, provavelmente em 1162. Supõe-se que seja descendente de um líder mongol conhecido como Kabul Khan, do clã Bojigin, que por breves anos obteve controle sobre uma Mongólia unificada. Entretanto, na época do nascimento de Temudjin, os mongóis estavam divididos em diversas tribos e clãs, cada uma governada por um cã, ou "Senhor", que impunha-se mais pela força do que pela descendência nobre . Com Temudjin não seria diferente. Quando tinha nove anos, Temudjin foi ao clã dos Merkitas para escolher uma esposa e refazer a paz entre os clãs (há muito tempo, seu pai havia roubado a esposa do Khan dos Merkitas e se casado com ela, ela era a mãe de Temudjin), mas no caminho, parou para pernoitar num clã aliado, os Onggirat, aonde se apaixonou por Borte. Pediu ao pai para praticar a escolha de esposas ali, porém, ao invés de apenas praticar, escolheu oficialmente Borte como sua noiva. No caminho de volta, seu pai, Yesugei, foi envenenado por membros da tribo dos tártaros. Sem que os filhos de Yesugei tivessem idade para assumir o controle da tribo, esta passou a ser comandada por um novo Khan, Targutai, ex-soldado de Yesugei, que expulsou a família do clã para evitar futura contestação de sua liderança, forçando-os a sobreviver nas estepes, sem gado ou cavalos. Temudjin foi até a montanha sagrada pedir ajuda ao deus Tengri (deus do céu e do relâmpago). No caminho foi encontrado por Jamukha, filho do Khan da tribo dos Jadaran, com quem viveu por um tempo e formou uma grande amizade, chegando a fazer um pacto de sangue. Algum tempo depois foi raptado e levado de volta para Targutai.
 Passou a infância inteira tentando fugir, mas sempre era encontrado e levado de volta, porém, quando finalmente estava grande o bastante para ser morto, fugiu novamente, mas desta vez recebeu um cavalo de um homem da tribo de Targutai que o admirava, conseguindo fugir até o clã dos Onggirat para reencontrar Borte.

Ascensão

Como quase todos os mongóis, Temudjin provavelmente tinha sido treinado como arqueiro montado desde muito jovem. A habilidade na montaria, comandada apenas com os joelhos e a destreza no arco e flecha, aliada a uma vida dura nas estepes tornavam os guerreiros mongóis muito temidos e respeitados. Depois de casar-se com Borte, Temudjin seguiu com ela por um caminho incerto pela Mongólia, até que, um dia, os dois foram encontrados por um grupo de merkitas comandados por Chitedu (ex-marido da mãe de Temudjin), que queria a esposa de Temudjin como vingança pela ofensa que seu pai havia feito antigamente. Temudjin reuniu alguns homens que quiseram ajudá-lo (pois admiravam sua força), e foi até Jamukha para pedir ajuda. Os dois resolveram quebrar a antiga tradição que dizia que os mongóis não iam a luta por mulheres e guerrearam com os merkitas.
Ao destruir os merkitas, Temudjin encontrou Borte grávida, fazendo sua primeira paternidade ser duvidosa. Após restabelecer seu clã (formado por seus homens que sobreviveram à guerra e pelo remanescente do povo dos merkitas), Temudjin seguiu como nômade pela Mongólia, porém dois homens de Jamukha se uniram a ele. Por causa da antiga tradição de que os mongóis podiam trocar de líder quando quisessem, Temudjin não quis mandá-los de volta, ganhando o rancor de Jamukha, que ordenou a seus homens roubarem a manada de cavalos de Temudjin. Durante a defesa dessa manada, os homens de Temudjin mataram o irmão de Jamukha, iniciando uma guerra entre os clãs. Temudjin tentou fugir com seu povo, porém foi alcançado por Jamukha, que tinha em seus exércitos uma proporção de dez homens para cada homem de Temudjin. Depois de fazer inúmeras baixas no exército de Jamukha, Temudjin foi escravizado e levado até a China.
 O imperador chinês se impressionou com o fato de ele ser o escravo mais caro (pois havia matado o melhor guarda do mercador de escravos) e resolveu levá-lo, ignorando os avisos de um monge, que disse que ele dominaria a China. Temudjin foi preso e humilhado. Na ocasião, o monge chinês pediu que ele não destruisse seu mosteiro depois da conquista da China. Temudjin entregou-lhe um colar de ossos e pediu que ele levasse até a Mongólia, para Borte. O monge morreu no caminho, mas Borte achou o cadáver e viu o colar, entendendo a mensagem de Temudjin. Ela foi até a China para resgatá-lo.
Depois do resgate, Borte não quis voltar à Mongólia, afirmando que ela estava corrompida e sem leis. Determinado a unificar a Mongólia, Temudjin foi até a montanha sagrada e pediu ao deus do trovão que o ajudasse a dar leis aos mongóis, nem que para isso precisasse matar metade deles. Nessa noite, elaborou as leis dos mongóis (não matar mulheres e crianças, honrar as dívidas, lutar contra os inimigos até o fim e, acima de tudo, nunca trair seu khan). Nessa época, a força de Temudjin era conhecida em toda a Mongólia. Temudjin seguiu pregando a unificação da Mongólia nos clãs e muitos khans se uniram a ele, porém, a maioria dos clãs se uniram a Jamukha, que pregava a destruição de Temudjin. Finalmente, a Mongólia estava dividida em duas: o exército de Temudjin e o exército de Jamukha. Os dois exércitos se encontraram para a batalha final. Jamukha enviou um pelotão para atacar primeiro, porém as suas tropas foram aniquiladas por uma brilhante estratégia de Temudjin e, quando os contingentes principais preparavam-se para a luta, as nuvens fecharam o céu e uma tempestade de raios começou. Os mongóis temiam os raios e quando, no brilho de um deles viram Temudjin em pé no seu cavalo com a espada erguida, sem medo do trovão, renderam-se diante dele. Os homens de Targutai o entregaram e depois foram mortos por traírem seu khan. Jamukha recebeu um cavalo de Temudjin e fugiu da Mongólia.
Em 1206, uma assembleia entre os chefes de todas as tribos das estepes proclamou Temudjin, então com quarenta e cinco anos, como Gengis Khan, o "cã dos cãs". Criou-se uma hierarquia administrativa e militar e um exército foi treinado e organizado. Para comandar um exército de milhares de homens e diminuir o poder dos antigos khans, Gengis criou uma hierarquia militar baseada na unidade mínima de dez homens comandadas por um deles. Dez unidades de dez homens cada seriam comandadas por um novo líder, que por sua vez faria parte de um grupo de mil sujeitos a um comandante determinado; este, por sua vez, obedecia a um general que tinha sob seu controle dez mil homens. Acima dos generais, apenas Gengis Khan.
Com um exército tão poderoso, Gengis Khan resolveu partir para o sul e invadir as terras do reino de Hsi Hsia, também chamado de Xixia, vassalos do império chinês, que, nessa época, se dividia em duas dinastias: o império Jin, ao norte e o império Song, ao sul. Pela primeira vez, os mongóis tiveram de enfrentar cidades muradas. Sem ainda conhecerem ou dominarem as máquinas de cerco, a capital não pôde ser conquistada. Porém, diante da recusa do império Jin em mandar um exército ao auxílio ao reino Xixia, este se submeteu ao poderio militar dos mongóis e lhes pagou um grande tributo que incluiu a filha de seu governante, dada como segunda esposa a Gengis Khan.

Táticas de guerra

Gengis criou táticas de guerra revolucionárias para as batalhas nas estepes. Seu exército era disciplinado, temido e impiedoso. A arma tradicional dos mongóis era o arco e flecha composto, que tinha um alcance de 500 metros, com isso tornou obrigatório o treinamento dessa arma. Os cavaleiros eram treinados para atirar a flecha com o cavalo em movimento. Um detalhe era que, para maior precisão, a flecha era disparada no momento em que o cavalo estivesse em pleno galope. Esses cavaleiros, os chamados mangudais, eram uma arma poderosa contra infantaria inimiga, já que juntavam dois princípios: arco e flecha e cavalaria, ou seja, um mangudai poderia ser rápido e preciso para atingir os inimigos mesmo estando longe. O Arco curvo mongol era até mais potente que os famosos arcos longos utilizados pelos ingleses com grande êxito em batalhas contra os franceses durante a guerra dos cem anos.

Conquistas

Em 1207-1208, os mongóis foram forçados a expandir seu território de pastagem devido a algum problema climático nas estepes e conquistaram o reino tangute de Hsi Hsia. Em seguida, atravessaram a muralha contornando-a e chegaram à China, cujo reino estava dividido entre as dinastias Jin, ao norte e Song, ao sul. As vastas plantações de arroz e a riqueza da cidade atraíram mais a atenção de Genghis do que a possibilidade de se tornar senhor da China. Na conquista do reino Jin, Genghis Khan recrutou um jovem chinês chamado Yeh-lu Ch'u-ts'-ai como seu conselheiro pessoal. A sua influência tornou Genghis mais tolerante e menos agressivo em batalha, estimulando-o a evitar esforços exagerados na guerra e conservar as terras cultivadas ao invés de transformá-las em pastagens.
Gengis marchou até Pequim, o mais avançado centro urbano daquela época e, quando viu que a cidade era cercada de muralhas de doze metros de altura, descobriu que suas táticas de guerra em campo aberto, nas estepes, não o ajudariam naquele momento. Desse modo, não teve pressa e acampou seu exército, cercando a cidade e impediu que os suprimentos entrassem em Pequim. Esses suprimentos foram usados para suprir seu exército. Com a ajuda de engenheiros chineses dissidentes, construiu catapultas e outros artefatos bélicos e finalmente invadiu e dominou Pequim.
Gengis, após o ataque inicial aos Jin, retirou-se para a Mongólia, enquanto seus generais se encarregavam de estabelecer seu domínio na China Jin. Em 1218, um acidente diplomático provocou a ira de Genghis sobre o reino turco de Kharizm, no norte da Pérsia: um mensageiro trouxe-lhe a cabeça de um de seus generais enviado em missão diplomática à Pérsia. O Cã cavalgou à frente de mais de duzentos mil homens e cerca de dez mil máquinas de assédio adquiridas dos chineses. Houve poucas batalhas campais e os mongóis empreenderam guerras de cerco às cidades fortificadas da Pérsia, que capturaram uma a uma. Algumas, como Bucara e Samarcanda se tornariam, no futuro, espelhos longínquos da presença mongol no sudoeste da Ásia. A velha cidade de Nichapur foi arrasada e nem mesmo os animais ali sobreviveram ao ataque mongol. O exército de Genghis matou mais de um milhão de persas.
As perdas humanas em Khwarizm contavam-se aos milhares. Genghis e seus generais impunham punições brutais aos inimigos. A proximidade da Pérsia com a Europa gerou a fama de selvageria dos mongóis que assombraria o continente pelas décadas seguintes.
Em 1227, enquanto os generais de Gengis conquistavam territórios no sul da Rússia e na Ucrânia, o Grande Cã foi forçado a retornar para as estepes para conter uma revolta de Hsi Hsia, que havia recusado a convocação para a campanha contra Khwarizm. Após vencer os tangutes, Gengis Khan morreu acometido por uma febre alta e dores na cabeça.

Legado de Gengis Khan

Antes da morte de Gengis Khan, este estabeleceu seu filho, Ogedei, como seu sucessor. Ogedei encarregou-se de expandir o território mongol ao máximo, da Síria à Indochina, da Pérsia à Sibéria, da Hungria à China. Posteriormente, o grande império seria dividido em 4 partes, entre filhos e netos de Genghis, porém nenhum destes novos reinos, ou canatos, teria uma existência longa.
No início do século XIV, Timur, o Coxo, alegando ser descendente de Gengis Khan, se tornaria o Cã de um breve império mongol que abarcaria toda a Mesopotâmia, a Pérsia, o Afeganistão, o Paquistão e o norte da Índia. Ainda nesse século, os tártaros ressurgiriam, inspirados pelas conquistas de Genghis, para tomar o território do dissolvido Canato da Horda Dourada, na Rússia. Vários outros levantes mongóis de menor importância tomariam lugar nos séculos seguintes, mas o meio de vida nômade e a incapacidade de estabelecer uma indústria armamentista logo tornaria os hábeis cavaleiros montados obsoletos frente às novas artilharias dos países que ali faziam fronteiras.
Na Mongólia atual, Gengis Khan é considerado o herói máximo e o pai daquela nação, cujo culto à imagem jamais se deixou apagar, mesmo durante o regime comunista. O aeroporto da capital do país foi renomeado para Aeroporto Internacional Gengis-Khan, em homenagem ao imperador.
Contam as lendas que todos os envolvidos no enterro de Gengis Khan foram mortos para manter em segredo o local onde ele foi enterrado. E esse local realmente jamais foi encontrado.

Lucrecia Borgia


Lucrécia Bórgia (Subiaco, 18 de abril de 1480 — Ferrara, 24 de junho de 1519) foi a filha ilegítima de Rodrigo Bórgia, importante personagem espanhol do Renascimento, que viria a se tornar o papa Alexandre VI. O irmão de Lucrécia foi o conhecido déspota César Bórgia.

Infância

Lucrécia Bórgia nasceu em 18 de abril de 1480, na Comuna de Subiaco, perto de Roma. Sua mãe era Vannozza dei Cattanei, uma das muitas amantes do pai de Lucrécia, Rodrigo Borgia, mais conhecido como o Papa Alexandre VI. Vannozza também deu a Rodrigo os seguintes filhos:



    Giovanni Bórgia, duque de Gandía, nascido em 1474.
    César Bórgia, nascido em 1475.
    Gioffre Bórgia, nascido em 1481 ou 1482.

Quando completou nove anos, Lucrécia foi separada de seus irmãos: Giovanni seguiu para a Espanha. César viu-se obrigado por Rodrigo a entrar para a vida religiosa, mesmo sem a menor vocação; e a própria Lucrécia foi despachada para a casa de Adriana de Mila, dama da nobreza e viúva, a fim de receber uma educação erudita ao lado da rigorosa senhora.

Casamentos:


Casamento com Giovanni Sforza


Em 26 de fevereiro de 1491, um arranjo matrimonial foi elaborado entre Lucrécia e o Senhor de Val D'Ayora no Reino de Valência, Don Cherubino Joan de Centelles, que foi anulado menos de dois meses depois, em favor de um novo contrato envolvendo Lucrécia e Don Gaspare Aversa, conde de Procida.1 Quando Rodrigo se tornou Papa (Alexandre VI), procurou aliar-se com poderosas famílias principescas e dinastias fundadoras da Itália. Para tal, ele cancelou compromissos anteriores de Lucrécia e arranjou para ela se casar com Giovanni Sforza, um membro da Casa de Sforza, que era o Senhor de Pesaro e intitulado Conde de Catignola.2 Giovanni era um filho ilegítimo de Costanzo I Sforza e um Sforza de segundo grau. Casou-se com Lucrécia em 12 de junho de 1493, em Roma.
 O casamento não se consumou, pois a noiva era considerada jovem demais. Os dois anos que separaram o casamento da consumação, marido e mulher passaram totalmente afastados, Giovanni Sforza governando Pésaro e Lucrécia fruindo as orgias nos aposentos de seu pai e de seus irmãos no Vaticano. Neste meio tempo, Alexandre depõe Giulia Farnese como sua amante favorita e a expulsa do Vaticano; assim Lucrécia fica sem a amiga. Porém, ela já arranjaria outra: a nova esposa de seu irmão Geofredo, Sancha de Aragão, filha bastarda do rei de Nápoles.
“Lucretia de Borgia” em uma carta a sua irmã Isabella Gonzaga (março de 1519)
Retrato de uma Mulher por Bartolomeo Veneto, tradicionalmente considerado como de Lucrezia Borgia.
 Em pouco tempo, a família Bórgia não precisava mais dos Sforza, e a presença de Giovanni Sforza na corte papal era supérflua. O Papa precisava de novas alianças políticas, mais vantajosas, então ele pode ter secretamente ordenado a execução de Giovanni. A versão geralmente aceite é que Lucrécia foi informada de tal por seu irmão Cesar, e avisou o marido, que fugiu de Roma.
 Alexandre pediu ao tio de Giovanni, o cardeal Ascanio Sforza, para convencer Giovanni a concordar com um divórcio. Giovanni recusou e acusou Lucrécia de incesto paterno e fraterno. O papa afirmou que o casamento de sua filha não tinha sido consumado e foi, portanto, inválido. A Giovanni foi oferecido o seu dote em troca de sua cooperação. A família Sforza ameaçou retirar sua proteção, caso recusasse. Giovanni assinou confissões de impotência e, finalmente, documentos de anulação perante testemunhas.


Romance com Perotto e o "Infante Romano"

Logo após a morte de Giovanni Sforza, surge outra polémica familiar, a suposta gravidez de Lucrécia, apesar de esta estar enclausurada em um convento. Há especulações que durante o processo prolongado da anulação, Lucrécia consumou um relacionamento com alguém, um jovem espanhol, Pedro (ou Pero) Calderón, também chamado de Perotto.4 Calderón era da criadagem do papa Alexandre e era o incumbido de transportar a correspondência entre pai e filha. O certo é que, por algum tempo, ele realmente foi amante de Lucrécia Bórgia, mas não há como provar se ele a engravidou ou não. Em todo o caso, as famílias hostis aos Bórgias viriam a acusá-la de estar grávida quando seu casamento foi anulado por falta de consumação.
 Foi documentado que ao descobrir o romance entre sua irmã e Pedro, César, desvairado de raiva e de ciúme, o esfaqueou, porém o rapaz conseguiu chegar aos aposentos do papa e sujou sua batina de sangue. Pedro Calderón escapou desta vez, mas a sorte não lhe sorriria novamente. Pouco depois, ele seguiu o destino de Giovanni Sforza, e assim, em fevereiro de 1498, os corpos de Pedro Calderon, e uma empregada doméstica, Pantasilea, foram encontrados no Rio Tibre. E o assassino foi também o mesmo de Giovanni: César Bórgia.
 Em março de 1498, o embaixador de Ferrara afirmou que Lucrécia tinha dado à luz, mas isto foi negado por outras fontes. No entanto, uma criança nasceu na família Bórgia um ano antes do casamento de Lucrécia com Alfonso de Aragão. Foi chamado de Giovanni, mas é conhecido pelos historiadores como o Infante Romano. Em 1501, duas bulas papais foram emitidas sobre esta criança, Giovanni Bórgia. Na primeira, foi reconhecido como filho de Cesare de um caso antes de seu casamento. A segunda bula, contraditória, reconheceu-o como o filho do Papa Alexandre VI. O nome de Lucrécia não é mencionado em nenhuma delas, e os rumores de que ela era sua mãe nunca foram provados. A segunda bula foi mantida em segredo por muitos anos, e Giovanni foi assumido como sendo o filho de Cesar. Após a morte de Alexandre, Giovanni foi viver com Lucrécia em Ferrara, onde foi recebido como seu meio-irmão.

Casamento com Afonso de Biscegli

Em 17 de junho de 1498, Lucrécia Bórgia desposa Afonso de Biscegli em uma cerimônia pomposa no Vaticano. No ano seguinte, o Papa Alexandre VI deu à filha Lucrécia a fortaleza de Nepi e as regiões de Spoleto e Foligno para que ela governasse.
 O casamento foi breve, durando de 1498 até a morte de Alfonso em 1500. Há indícios que o irmão de Lucrécia, Cesar foi responsável pela morte de Alfonso, porque já tinha se aliado (por casamento) com a França contra a Nápoles. Assim, César Bórgia teria posto em ação mais um de seus planos: o de matar o próprio Afonso de Biscegli. Lucrécia estava grávida agora, e César conseguiu convencer a irmã e o cunhado a ir ter a criança em Roma, que nasceu e foi chamado de Rodrigo de Aragão. Em julho de 1500, pouco depois da chegada do casal, Afonso foi surpreendido por um grupo de homens fortemente armados que o esperavam na Praça de São Pedro. Ele foi apunhalado, mas conseguiu fugir até os aposentos de Lucrécia, onde caiu gravemente ferido. Socorrido imediatamente por sua mulher, Afonso recuperava-se. Lucrécia e sua cunhada, Sancha de Aragão, cuidavam de Biscegli e, com medo de envenenamento, elas próprias faziam a comida do duque. Porém, numa noite de descuido de Lucrécia e Sancha, um criado (Michelotto Corella - primo dos Bórgia, homem de confiança do papa e de César - entrou sorrateiramente nos aposentos de Afonso enforcou-o.

Casamento com Afonso D'Este

Após sua controversa regência, Lucrécia recolheu-se na fortaleza de Nepi com seu filho Rodrigo e Giovanni Bórgia (Infante Romano). Entretanto, seu pai e seu irmão arranjavam mais um casamento para ela. Desta vez, o alvo da família Bórgia era o filho do poderoso duque de Ferrara, o jovem Afonso d´Este Lucrécia tinha 22 anos e Afonso d´Este 25. O casamento foi confirmado, e realizado em 30 de dezembro de 1501, sem a presença do noivo, em cerimônia simples no Vaticano. Em 2 de fevereiro do ano seguinte, Lucrécia entra triunfalmente em Ferrara. Como dote, foram pagos aos D'Este duzentos mil ducados, apesar da proposta inicial do noivo ter sido de 300.000. Comparando aos 15.000 ducados pagos a Giovanni Sforza, o primeiro marido de Lucrécia, alguns anos antes, a diferença é formidável. Mas há uma explicação muito simples. Lucrécia Bórgia, na época uma menina de treze anos, não tinha nenhuma mácula em seu nome. Mas agora, aos olhos de toda a Europa, ela era envenenadora e incestuosa. Lucrécia nunca mais tornaria a ver Alexandre VI, mas não se livraria do irmão César.
Ela deu ao seu terceiro marido muitos filhos e provou ser uma respeitável e realizada duquesa da Renascença, efetivamente elevando-se acima da sua reputação anterior e sobrevivendo a queda dos Bórgias, após a morte de seu pai. A nenhum parceiro foi fiel: iniciando em 1503, Lucrécia teve um longo relacionamento com seu cunhado, Francesco II Gonzaga, Marquês de Mântua, bem como uma relação amorosa com o poeta Pietro Bembo. A esposa de Francesco era a culta intelectual Isabella d'Este, a irmã de Afonso, para quem Lucrécia fizera insinuação de amizade sem sucesso. O caso entre Francesco e Lucrécia era apaixonado, mais sexual do que sentimental, como pode ser comprovado nas cartas febris de amor que o casal escrevia um ao outro. O caso terminou quando Francesco contraiu sífilis.
 Em 1503, o Papa Alexandre morreu, e com a eleição do Papa Júlio II, César viu seus planos totalmente arruinados. César casou-se com a princesa Charlotte de Albret, ganhou o título de duque de Valentinois, e entrou para a história como ´Duque Valentino´. Foi imortalizado por Maquiavel em sua obra prima, O Príncipe, que tomava César Bórgia como o exemplo de bom governante e habilidade política. César foi morto em 1507, lutando pela França, em uma emboscada na Espanha.

Papisa

Em 1501, o papa passou algumas semanas em Nápoles, recém conquistada pelos Franceses. O mais convencional, seria deixar um cardeal de confiança do papa em sua ausência para tomar as rédeas do Vaticano. Mas Alexandre VI escandalizou a Europa com uma escolha inédita: durante sua viagem, a papisa[carece de fontes] seria sua filha Lucrécia Bórgia. O ato totalmente inédito na história do papado, provocou uma fúria explicável no renomado Colégio dos Cardeais.
Vale lembrar que não basta estar a frente do governo temporal de Roma para ser considerado papa ou papisa.

Duquesa de Ferrara

Voltando a Lucrécia, ela engravidou em 1503. Mas acabou por contrair malária, e seu médico teve de abortar a criança para não pôr a vida de Lucrécia em perigo. Com a morte do sogro em 1505, ela e marido foram nomeados duques de Ferrara. No mesmo ano, deu à luz o primeiro rebento do casal, Afonso. A criança morreu semanas depois, mas três anos depois o casal ducal foi presenteado com outro menino, Hércules. Depois deste, vieram outros filhos: Hipólito (1509), Francesco (1516), Alexandre (1514), Eleanora (1515), e Isabel Maria (1519). Ela foi boa mãe para todos os seus filhos, inclusive para os que estavam longe dela, como Rodrigo e o misterioso Giovanni, "O Infante Romano". Sabe-se que Rodrigo morreu em 1512, aos treze anos de idade, fazendo Lucrécia Bórgia sofrer e se recolher em um convento por algum tempo; mas quanto ao "Infante Romano", apenas se sabe que ele morreu em 1548, tornou-se duque de Spoleto, mas morreu relativamente esquecido e com pouco status de neto de papa, ou filho de Lucrécia Bórgia. Sua linhagem é totalmente desconhecida.
 A primeira vez que Lucrécia ficou como regente em Ferrara foi um ano após sua nomeação como duquesa. Ela aproveitou a oportunidade para mostrar outra simpatia comum de sua família: a vontade de ajudar o povo judeu, ao criar um édito proibindo terminantemente qualquer tipo de discriminação contra eles. Lucrécia em Ferrara formou a chamada "Corte das Letras": incluía escritores como Ludovico Ariosto (que dedicou-lhe "Orlando Furioso"), Pedro Bembo (que definiu o seu amor por Lucrécia Bórgia como ´platônico´) e Hércules Strozzi, da poderosa família Strozzi, assassinado por Afonso d´Este pelo ciúme que ele sentia do literato com Lucrécia. Sua corte também reunia pintores como Ticiano e Venetto, entre outros. Em 1508, Lucrécia recebe o humanista Erasmo de Roterdã em sua corte. Em 1506, ficou como regente de Ferrara durante a ausência do marido, embora estivesse sob a vigilância de seu cunhado, o cardeal Hipólito. Apesar das constantes infidelidades do marido, - ele, após a morte de Lucrecia Bórgia, juntou-se a Laura Dianti, uma de suas amantes, que viveu como Duquesa de Ferrara apesar de nunca terem se casado formalmente - Lucrécia foi feliz com Afonso d`Este.
 Como uma Bórgia, Lucrécia guardava algum rancor do Papa Júlio II (Giuliano della Rovere). Afinal, ele havia sido inimigo ferrenho de seu pai e traído seu irmão. Então, ela se jubilou quando Ferrara entrou em guerra contra o papa em 1511, e mais ainda quando a venceu. Comemorou mais ainda quando o papa Júlio morreu, e quem assumiu o trono papal foi Giovanni de Médici, que adotou o nome de Leão X. Afinal, a Médici sempre foi aliada dos Bórgias. Inclusive o novo papa havia sido muito amigo de seu irmão César nos tempos em que ambos cursavam a Universidade de Pisa.

Sidarta Gautama


Sidarta Gautama (sânscrito: सिद्धार्थ गौतम, transl. Siddhārtha Gautama, em páli Siddhāttha Gotama), popularmente dito e escrito simplesmente Buda, foi um príncipe da região do atual Nepal que se tornou professor espiritual, fundando o budismo. Na maioria das tradições budistas, ele é considerado como o "Supremo Buda" (Sammāsambuddha) de nossa era, Buda significando "o desperto". A época de seu nascimento e de sua morte são incertos: a maioria dos primeiros historiadores do século XX datava seu tempo de vida como sendo de por volta de 563 a.C. a 483 a.C.; mais recentemente, contudo, num simpósio especializado nesta questão, a maioria dos estudiosos apresentou opiniões definitivas de datas dentro do intervalo de 20 anos antes ou depois de 400 a.C. para a morte do Buda, com outros apoiando datas mais tardias ou mais recentes.

Gautama, também conhecido como Śākyamuni ou Shakyamuni ("sábio dos Shakyas"), é a figura-chave do budismo: os budistas crêem que os acontecimentos de sua vida, bem como seus discursos e aconselhamentos monásticos, foram preservados depois de sua morte e repassados para outros povos pelos seus seguidores. Uma variedade de ensinamentos atribuídos a Gautama foram repassados através da tradição oral e, então, escritos cerca de 400 anos após a morte de Sidarta. Os primeiros estudiosos ocidentais tendiam a aceitar a biografia do Buda apresentada pelas escrituras budistas como verdadeira, mas, hoje em dia, "os acadêmicos são cada vez mais relutantes em clamar como aptos os fatos históricos dos ensinamentos e da vida do Buda."

Alexandre III


Alexandre III da Macedônia, dito o Grande ou Magno; Pela (ou em Vergina), 20 de julho de 356 a.C. — Babilônia, 10 de junho de 323 a.C.; foi um príncipe e rei da Macedônia, e um dos três filhos do rei Filipe II e de Olímpia do Épiro – uma fiel mística e ardente do deus grego Dioniso.
Alexandre foi o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em sua juventude, teve como preceptor o filósofo Aristóteles. Tornou-se o rei aos vinte anos, na sequência do assassinato do seu pai.
A sua carreira é sobejamente conhecida: conquistou um império que ia dos Balcãs à Índia, incluindo também o Egito e a Báctria (aproximadamente o atual Afeganistão). Este império era o maior e mais rico que já tinha existido. Existem várias razões para esses grandes êxitos militares, um deles é que Alexandre era um general de extraordinária habilidade e sagacidade, talvez o melhor de todos os tempos, pois ele nunca perdeu nenhuma batalha e a expansão territorial que ele proporcionou é uma das maiores da história, a maior expansão territorial em um período bem curto de tempo. Além disso, era um homem de muita coragem pessoal e de reconhecida sorte.

Ele herdou um reino que fora organizado com punho de ferro pelo pai, que tivera de lutar contra uma nobreza turbulenta que frequentemente reclamava por mais privilégios, as ligas lideradas por Atenas, e Tebas (a batalha de Queroneia representa o fim da democracia ateniense e por arrastamento das outras cidades gregas e de certa concepção de liberdade), revolucionando a arte da guerra.

A sua personalidade é considerada de formas diferentes segundo a percepção de quem o examina: por um lado, homem de visão, extremamente inteligente, tentando criar uma síntese entre o oriente e ocidente (encorajou o casamento entre oficiais seus e mulheres persas, além de utilizar persas ao seu serviço), respeitador dos derrotados (acolheu bem a família de Dario III e permitiu às cidades dominadas a manutenção de governantes, religião, língua e costumes) e admirador das ciências e das artes (fundou, entre algumas dezenas de cidades homónimas, Alexandria, que viria a se tornar o maior centro cultural, científico e econômico da Antiguidade por mais de trezentos anos, até ser substituída por Roma); por outro lado, profundamente instável e sanguinário (as destruições das cidades de Tebas e Persepólis, os assassinatos de Clito e de Parménio, dois de seus melhores generais, a sua ligação com um eunuco), limitando-se a usar o pessoal de valor que tinha à sua volta em proveito próprio.

De qualquer modo, fez o que pôde para expandir o helenismo: criou cidades com o seu nome com os seus veteranos feridos por todo o território e deu nome para cidade homenageando seu inseparável e famoso cavalo Bucéfalo. Abafou uma rebelião de cidades gregas sob o domínio macedónio e preparou-se para conquistar a Pérsia.
Alexandre (à direita) ouve os conselhos e orientações de seu tutor, Aristóteles

Em 334 a.C. empreendeu sua primeira campanha contra os persas na Batalha de Grânico que deu-lhe o controle da Ásia Menor (atual Turquia). No ano seguinte, derrotou o rei Dario III na Batalha de Isso. Mais um ano depois, conquistou o Egipto e Tiro, em 331 a.C. Completou a conquista da Pérsia na Batalha de Gaugamela, onde derrotou definitivamente Dario III, o que lhe conferiu o estatuto de Imperador Persa.

A tendência de fusão da cultura dos macedônios com a grega provocou nestes temor quanto a um excessivo afastamento dos ideais helênicos por parte de seu monarca. Todavia, nada impediu Alexandre de continuar seu projeto imperialista em direção ao oriente. Durante cerca de dois anos Alexandre manteve-se ocupado em várias campanhas de curta duração para a consolidação do seu império. Mas, em 327 a.C., conduzindo as suas tropas por cima das montanhas Hindu Kush para o vale do rio Indo, para conquistar a Índia, país mítico para os gregos, foi forçado a regressar à Babilónia devido ao cansaço das suas tropas, e instalaria aí a capital do seu império. Deixou atrás de si novas colónias, como Niceia e Bucéfala, esta erigida em memória de seu cavalo, às margens do rio Hidaspes.

Ele tinha a intenção de fazer ainda mais conquistas. Sabe-se que planejava invadir a Arábia e, provavelmente, as regiões ao norte do Império Persa. Poderia também ter planejado outra invasão da Índia ou a conquista de Roma, Cartago e do Mediterrâneo ocidental[carece de fontes].

Infelizmente nenhuma das fontes contemporâneas sobreviveu (Calístenes e Ptolomeu), nem sequer das gerações posteriores: apenas possuímos textos do século I que usaram fontes que copiaram os textos originais, de modo que muitos dos pormenores da sua vida são bastante discutíveis.

Alexandre morreu depois de doze anos de constante campanha militar, sem completar os trinta e três anos, possivelmente como resultado de malária, envenenamento, febre tifóide, encefalite virótica ou em consequência de alcoolismo.

Saladino



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Saladino (1138 — 4 de março de 1193) foi um chefe militar curdo muçulmano que se tornou sultão do Egito e da Síria e liderou a oposição islâmica aos cruzados europeus no Levante. No auge de seu poder, seu domínio se estendia pelo Egito, Síria, Iraque, Iêmen e pelo Hijaz. Foi responsável por reconquistar Jerusalém das mãos do Reino de Jerusalém, após sua vitória na Batalha de Hattin e, como tal, tornou-se uma figura emblemática na cultura curda, árabe, persa, turca e islâmica em geral. Saladino, adepto do islamismo sunita, tornou-se célebre entre os cronistas cristãos da época por sua conduta cavalheiresca, especialmente nos relatos sobre o sítio a Kerak em Moab, e apesar de ser a nêmesis dos cruzados, conquistou o respeito de muitos deles, incluindo Ricardo Coração de Leão; longe de se tornar uma figura odiada na Europa, tornou-se um exemplo célebre dos princípios da cavalaria medieval.

Nasceu em Tikrit (no atual território do Iraque) em 1138, e morreu em Damasco, hoje capital da Síria, em 1193. Foi o responsável por restaurar o sunismo no Egito.

Saladino distinguiu-se pela primeira vez nas campanhas do Egito, sendo nomeado vizir. Sultão do Egito a partir de 1175, sucedeu a Atabeg de Mosul, em nome de quem partiu à conquista do Egito. Unificou o país (1164-1174), a Síria (1174-1187) e a Mesopotâmia, tornando-se um poderoso dirigente. Doutrinou zelosamente seu povo a encarar a luta contra a cristandade como uma guerra santa e fundou colégios para o ensino da religião islâmica.
Conflitos com os Cruzados
Em duas ocasiões, em 1170 e 1172, Saladino recuou de uma invasão ao Reino Latino de Jerusalém. Essas ordens haviam sido dadas por Nur ad-Din, e Saladino esperava que aquele Reino Cruzado permanecesse intacto, como um estado satélite entre o Egito e a Síria, até que Saladino pudesse ganhar controle sobre a Síria também. Nur ad-Din e Saladino já estavam rumo à guerra aberta nesses termos, quando Nur ad-Din morreu, em 1174. O herdeiro de Nur ad-Din, as-Salih Ismail al-Malik era apenas um menino, sob os cuidados de eunucos da corte, e morreu em 1181.

Imediatamente após a morte de Nur ad-Din, Saladino marchou até Damasco e foi bem recebido na cidade. Lá ele reforçou sua legitimidade, de acordo com o costume da época, casando com a viúva de Nur ad-Din. Por outro lado, Alepo e Mosul, as outras duas maiores cidades que Nur ad-Din havia governado, nunca foram tomadas, porém Saladino conseguiu impor sua influência e autoridade a elas em 1176 e 1186, respectivamente. Enquanto ele estava ocupado no cerco a Alepo, em 22 de maio de 1176, o sombrio grupo de assassinos do Ismaili, o Hashshashin, tentou matá-lo. Eles conduziram dois atentados à sua vida, no segundo deles chegando a ponto de infligir ferimentos.

Enquanto Saladino consolidava seu poder na Síria, geralmente deixava em paz o reino Cruzado, embora fosse frequentemente vitorioso nas ocasiões em que batalhava com os cruzados. Uma exceção foi a batalha de Montgisard no dia 25 de novembro de 1177. Nela ele foi derrotado pelas forças combinadas de Balduíno IV de Jerusalém, Renault de Chatillon e os Cavaleiros Templários. Apenas um décimo de seu exército conseguiu retornar ao Egito.

Uma trégua foi declarada entre Saladino e os Estados Cruzados em 1178. Saladino passou o ano seguinte recuperando-se da derrota e reconstruindo seu exército, retornando ao ataque em 1179, quando derrotou os Cruzados na batalha de Jacob's Ford. Contra-ataques cruzados provocaram ainda outras retaliações de Saladino. Renault de Chatillon, em particular, perturbou as rotas de comércio e peregrinação muçulmanas com uma frota no Mar Vermelho, uma rota marítima que Saladino necessitava manter aberta. Como resposta, Saladino construiu uma frota de 30 galés para atacar Beirute em 1182. Reinaldo ameaçou atacar as cidades sagradas de Meca e Medina. Em retribuição, Saladino cercou Al Karak, o forte de Reinaldo na Oultrejordain, em 1183 e 1184. Reinaldo respondeu saqueando uma caravana de peregrinos no Hajj em 1185. De acordo com a "Old French Continuation" de Guilherme de Tiro, do final do século XIII, Renault capturou a irmã de Saladino durante uma pilhagem a uma caravana, embora isso não seja atestado em outras fontes contemporâneas, sejam elas muçulmanas ou francas. De fato, Reinaldo havia atacado uma caravana anterior, e Saladino mandou a guarda garantir a segurança de sua irmã e do filho dela, que não chegaram a sofrer danos.
Saladino e Guy de Lusignan após a Batalha de Hattin, em 1187.

Em julho de 1187, Saladino capturou a maior parte do reino de Jerusalém. No dia 4 de julho de 1187 ele deparou-se, na Batalha de Hattin, com as forças combinadas de Guy de Lusignan, Rei Consorte de Jerusalém, e Raimundo III de Trípoli. Somente na batalha, o exército Cruzado foi em grande parte aniquilado pelo exército motivado de Saladino, naquilo que foi um desastre completo para os cruzados e uma virada na história das Cruzadas. Saladino capturou Reinaldo de Chatillon e providenciou pessoalmente sua execução. Guy de Lusignan também foi capturado, porém sua vida foi poupada. Dois dias após a batalha de Hattin, Saladino ordenou a execução de todos os prisioneiros de ordem militar por decapitação. As execuções eram levadas a cabo à medida que o próprio secretário de Saladino, Imad ad-Din, descreve (Ibid, pág. 138): "Ele (Saladino) ordenou que eles deveriam ser decapitados, preferindo tê-los mortos a prisioneiros. Com ele estava um grande grupo de sufis e estudiosos, e certo número de devotos e ascetas; cada um implorava permissão para matar um deles, e desembainhava sua espada e arregaçava sua manga. Saladino, com uma expressão alegre no rosto, estava sentado no seu dais; os descrentes mostravam um negro desespero." A execução dos prisioneiros em Hattin não foi a primeira de Saladino. Em 29 de agosto de 1179 ele tomou o castelo em Bait al-Ahazon, e aproximadamente 700 prisioneiros foram capturados e executados.

De acordo com Beha ad-Din, Saladino planejava conquistar a Europa após a captura de Jerusalém:

"Enquanto eu (Beha ad-Din) aguardava, Saladino voltou-se para mim e disse: 'Creio que, quando Deus me conceder a vitória sobre o resto da Palestina, deverei dividir meus territórios, fazer um testamento declarando meus desejos, e então içar velas neste mar, para suas terras longínquas, a lá arrebatar os francos, de maneira a livrar a terra de qualquer um que não acredite em Deus, ou morrer tentando.'"

Logo, Saladino já havia capturado quase todas as cidades dos cruzados. Ele tomou Jerusalém em 2 de outubro de 1187, após um cerco. Saladino inicialmente não pretendia garantir termos de anistia aos ocupantes de Jerusalém, até que Balian de Ibelin ameaçou matar todos os muçulmanos da cidade, estimado entre três e cinco mil pessoas, e destruir os templos sagrados do Islã na Cúpula da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa se não fosse dada anistia. Saladino consultou seu conselho e esses termos foram aceitos. Um resgate deveria ser pago por cada franco na cidade, fosse homem, mulher ou criança. Saladino permitiu que muitos partissem sem ter a quantia exigida por resgate para outros. De acordo com Imad al-Din, aproximadamente sete mil homens e oito mil mulheres não puderam pagar por seu resgate e foram tornados escravos.

Apenas Tiro resistiu. A cidade era então comandada pelo Conrado de Montferrat. Ele fortaleceu as defesas de Tiro e suportou dois cercos de Saladino. Em 1188, em Tortosa, Saladino libertou Guy de Lusignan e devolveu-o à sua esposa, a rainha Sibila de Jerusalém. Eles foram primeiro a Trípoli, e depois a Antioquia. Em 1189 eles tentaram reclamar Tiro para seu reino, mas sua admissão foi recusada por Conrado, que não reconhecia Guy como rei. Guy então começou o cerco de Acre.
Cristãos perante Saladino durante a Terceira Cruzada.

Hattin e a queda de Jerusalém foram um estopim para a Terceira Cruzada, financiada na Inglaterra por um especial "dízimo de Saladino". Essa Cruzada retomou a cidade de Acre. Após Ricardo I de Inglaterra executar os prisioneiros muçulmanos em Acre, Saladino retaliou matando todos os francos capturados entre 28 de agosto e 10 de setembro. Beha ad-Din descreve uma cena particularmente horrenda envolvendo dois francos capturados nesse período: "Enquanto estávamos lá eles trouxeram ao Sultão (Saladino) dois francos que haviam sido aprisionados pela guarda avançada. Ele os decapitou ali mesmo." Os exércitos de Saladino engajaram-se em combate com os exércitos rivais do rei Ricardo I de Inglaterra na batalha de Apollonia, em 7 de setembro de 1191, na qual Saladino foi derrotado. A relação entre Saladino e Ricardo era uma de respeito cavalheiresco mútuo, assim como de rivalidade militar; ambos eram celebrados em romances cortesãos. Quando Ricardo foi ferido, Saladino ofereceu os serviços de seu médico pessoal. Em Apollonia, quando Ricardo perdeu seu cavalo, Saladino enviou-lhe dois substitutos. Saladino também lhe enviou frutas frescas com neve, para manter as bebidas frias. Ricardo sugeriu que sua irmã poderia casar-se com o irmão de Saladino – e Jerusalém poderia ser seu presente de casamento.

Os dois chegaram a um acordo sobre Jerusalém no Tratado de Ramla em 1192, pelo qual a cidade permaneceria em mãos muçulmanas, mas estaria aberta às peregrinações cristãs; o tratado reduzia o reino latino a uma estreita faixa costeira desde Tiro até Jafa.

Saladino morreu no dia 4 de março de 1193, em Damasco, pouco depois da partida de Ricardo. Quando o tesouro de Saladino foi aberto não havia dinheiro suficiente para pagar por seu funeral; ele havia dado todo o seu imenso tesouro para caridade.

Ele está enterrado no Mausoléu de Saladino, no complexo da Mesquita dos Omíadas, em Damasco, e é uma atração popular.